segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

 

ÁFRICA

Estou na costa – oeste

Peito esquerdo do teu corpo

raio solar amanhecendo.


N'este lugar

és ressentida, choras descalça presa nas grilhetas atadas no Ocidente;

Vivo Agora Aqui para espezinhar os teus póros, tapar o teu fôlego

cerrando os teus lábios carnudos e trémulos.

Tremendo em ti, só os ouvidos vivem e respiram as minhas palavras.


Quero-te apertar Geba, Crioulo, Virgem e outras.

Quero-te espremendo a selva brotando os teus filhos,

dissolvendo, aspirando num boca a boca 

o oxigénio escuro das rãs brancas: Nicotina & Napalm

para que o teu corpo seja cuspido em forma de hipnose.

Que o teu sangue deixe de brotar já não vendo chegar os outros filhos,

hipnotizados caricatas tesos do outro lado do Atlântico.


Fundo do inferno, aqui onde ri a secura

para o quarto mundo ou para a dilatação da liberdade.

Que esperas resistente e não morta.

(escrito por um amigo dias antes da Revolução – Guiné 1974)

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