ÁFRICA
Estou na costa – oeste
Peito esquerdo do teu corpo
raio solar amanhecendo.
N'este lugar
és ressentida, choras descalça presa nas grilhetas atadas no Ocidente;
Vivo Agora Aqui para espezinhar os teus póros, tapar o teu fôlego
cerrando os teus lábios carnudos e trémulos.
Tremendo em ti, só os ouvidos vivem e respiram as minhas palavras.
Quero-te apertar Geba, Crioulo, Virgem e outras.
Quero-te espremendo a selva brotando os teus filhos,
dissolvendo, aspirando num boca a boca
o oxigénio escuro das rãs brancas: Nicotina & Napalm
para que o teu corpo seja cuspido em forma de hipnose.
Que o teu sangue deixe de brotar já não vendo chegar os outros filhos,
hipnotizados caricatas tesos do outro lado do Atlântico.
Fundo do inferno, aqui onde ri a secura
para o quarto mundo ou para a dilatação da liberdade.
Que esperas resistente e não morta.
(escrito por um amigo dias antes da Revolução – Guiné 1974)

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